Sou do tempo que estudar em escola pública era desejado por todos, tal a qualidade e exigência dos mestres em dotar seus alunos de conhecimentos que os fizessem capacitados para enfrentar o futuro. Muitos colégios exigiam provas de seleção e acreditem a concorrência fazia com que tivéssemos que estudar muito para conseguir a sonhada vaga. A decadência da educação no Brasil é um fenômeno que merece ser melhor estudado, mas o achatamento salarial com necessidade de se trabalhar em dois ou três turnos certamente contribuiu para o nosso desastre educacional.
A partir dos anos 90 iniciou-se uma tentativa de recuperação com resultados até então insuficientes , pois não basta universalizar o acesso, melhorar salários de professores e estruturas das escolas, é necessário uma verdadeira revolução na educação.
A começar pela educação infantil, que só recentemente começou a valorizar precocemente a alfabetização, já que até então as crianças chegavam ao dito primeiro para serem alfabetizadas enquanto as que vinham de escolas particulares, chegavam sabendo ler, escrever e fazer continhas básicas, provocando já uma desigualdade, dificultando o desenvolvimento uniforme da turma, discriminando muitas vezes a criança que não teve a mesma base. Outro equívoco felizmente corrigido , a proibição de se reprovar alunos até o quarto ano do ensino fundamental, criando os chamados “alfabetizados funcionais” ou seja, lê mas é incapaz de interpretar o que se lê.
Revisão dos métodos de ensino, capacitação permanente de professores, são objetivos importantes nesta luta, diminuição do número de alunos e até mesmo 2 professores por sala de aula são sugestões interessantes no contexto de uma mudança de conceitos, entretanto o mais importante seria a escola em tempo integral para todos, isso sim, um passo gigantesco na direção de se pagar o déficit com nossa juventude. Estudo, alimentação, cultura, esportes, socialização e afastamento das ruas, tudo melhorado numa só ação.
Outro ponto fundamental é a direção compartilhada, conselho da escola com participação igualitária de administradores, professores e pais de alunos, com poder deliberativo traria transparência e responsabilidades divididas , inserindo a escola de maneira abrangente e permanente na vida da comunidade.
Outra vertente que precisamos valorizar, o ensino profissionalizante, hoje só disponível nos chamados centros de ensino técnico, não são accessíveis à maioria de nossos jovens e, é imperativo que se repense o segundo grau profissionalizante, a meu ver erradamente retirado da grade educacional, já que era importante porta de acesso para significativa parcela da população jovem ao mercado de trabalho, possibilitando renda e chance de ingresso nos cursos especializados e no ensino superior.
No ápice da pirâmide, temos grandes universidades públicas e particulares , faculdades incontáveis inclusive com cursos à distância espalhados por todo o Brasil, um avanço considerável. Não sou dos que defendem a redução de faculdades, fiscalização rigorosa sim e o próprio mercado de trabalho se encarrega de selecionar os mais capazes. O que precisamos é que se amplie o crédito educativo, beneficiando as classes menos favorecidas.
O desafio é gigantesco, há de se ter vontade política, recursos não faltarão principalmente se o tão sonhado “Fundo Social” do pré-sal privilegiar a única opção de desenvolvimento sustentado e permanente que temos, o investimento maciço numa educação de qualidade para todos. Esta é a revolução necessária para um país mais justo, não há tempo a perder.
Dr.Marco Sobreira
@marcosobreira2
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